sábado, 29 de dezembro de 2007

Le triple nez de véronique







Véronique pleure toujours

Toujours Véronique proteste

Pourquoi mon nez est rouge?

Pourquoi je le déteste?

Le nez de Fúlvia est blanc

Ses yeux sont "blue"

Mais elle aime le rock

Moi, je ne l'aime pas du tout

Le nez de Kleiton est noir

Noir comme le jour

Quand le soleil s'en va

La rue n'est que le mur

Véronique, Fúlvia et Kleiton

Sont trois petits chats

Chacun avec son mot

Chacun avec son embarras

O Natal da Vovozinha



Dezembro era o mês. De muitos acontecimentos. Presentes, boa comida... E uma choradinha de leve no banheiro. Só de leve. (Nem tão de leve assim). O melhor eu nem falei. É porque eu achava que dezembro era só aquilo mesmo. Presente, comida e choro. Com o tempo algumas pistas. O silêncio me falou. Em dia de festa o galo não era o primeiro a cantar. As panelas. A maestrina era a matriarca. A senhora dos aços. Mas era tudo sem intenção. Assim se defendia. Minha avó levantava antes do sol. Ligava o radinho de pilha. (No fundo acho que queria conferir. Dia ou noite?). Café preto sentada. (Acho que a culpa era do café). Bastavam três goles e os seus dedos cresciam. Pé e mãos agigantados. Os braços sem coordenação. Os olhos cegavam. Era então que sem batuta comandava os primeiros sons. (Sem querer, claro). Panelas no chão. Tampas se encontrando. Copos assobiando. Talheres dançando nos pratos. Acabava o primeiro ato e vinha a tosse. Uma tosse seca. Que só dava quando sentia o cheiro de madeira. Madeira de porta de quarto. E chateada com o cheiro (isso é só uma suspeita), alguns soquinhos na porta. Os sons. Era com eles que eu me acordava. Eu, depois Flávia, Juliana, Mainha, Felipe... (“e quem mais chegar”...). Engraçado, o café em mim não tinha efeito. Talvez o bolo de rolo neutralizasse. (Especulação). O tempo para refletir era escasso. A cantiga do dia era o relógio improvisado (e impreciso): vamos logo minha gente. E de vamos logo em vamos logo o jantar estava pronto. A casa decorada. E a matriarca? Na cadeira de balanço. Pescoço curvado. Batuta invisível no chão. Na hora esperada sua boca abria. Ao som do que achávamos ser ronco, escapuliam os primeiros pigmentos de noite. Alguns minutos bastavam. (E o céu descoloria). Roupas trocadas. As visitas (as poucas) na hora marcada. Presentes e palavras. Sujávamos os pratos. E nos entregávamos à mesmice das noites. Dos corpos cansados. Foi então que o silêncio me falou. Que o bom mesmo, além de presente, comida e choro de banheiro eram os sons. De cada um de nós. Gente, panela e porta. Ganhando vida na xícara da matriarca.